sábado, 21 de agosto de 2010

Monstro Inocente


Caminhando na escuridão, um clérigo segue

Mesmo sem confiar na visão, seus pés não cessam

Sozinho no escuro, no silêncio ele prossegue

E ao lado do medo e do frio, a ponte atravessam


Horror para o clérigo será nessa vila passar

Até sua sombra, amiga fiel, se escondeu nele

Mas é a ingenuidade, que sempre acredita

Em uma cilada cairá, sofrendo o mal na pele


O clérigo observa uma criança suja caída

Em seguida, surge um homem e violenta-a

“Tenho de ser forte e fazer o certo: é a saída”

Tarde demais... Ela cai morta, sonolenta


Assustado, o clérigo avança cada vez mais

E encontra o mesmo homem, ferindo uma dama

“Agora é a hora: Deixar a dama em paz tu vais”

Não dessa vez... Não pode dar fim a essa trama


A noite avança, mas o clérigo não desiste

E lá vem o homem, apedrejando um idoso

“Eu preciso parar esse homem”, ele insiste

Tentativa falha... Morre mais um rosto viçoso


Felizmente, o clérigo chega ao seu destino

E outra vez o homem, esfaqueando seu irmão

“Basta! Morte para esse homem”, e bate o sino

Fugiu... E o que sobrou foi o sangue rubro no chão


Chegando à igreja, o clérigo chega ao padre

E fala de um assassino que tem de ser detido

Quanto terminou a história, o padre gritou “PARE!”

E se aproximou dele chorando, triste e sentido


Foi quando o clérigo olhou para trás e então vê

Uma multidão querendo que ele morra essa noite

Ele fica confuso; o padre explica tudo, mas ele não crê

E foi escolhida a punição para ele: morte por açoite


O povo da vila caminha para o centro de uma praça

Seguido do padre, do juiz, o clérigo e um carrasco

Enquanto é torturado, o povo se diverte e acha graça

“Nada mais importa! Essa vida não passou de um fiasco!”


Depois de morto, o clérigo virou na vila uma lenda:

“A diabólica e macabra estória de um monstro viajante”

Que matou a vários, sem saber, na praça, na feira, na venda

E assim foi seu triste e infeliz fim: um horror inocente...

2 comentários:

  1. Bom eu li :)
    Agora num sei se me passou o que você queria, mas chegou a mim o que meu coração oviu :)

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  2. Me fala o que vc entendeu, que talvez também possa estar certo

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