quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Filosofia Tardin em cinco passos

Passo Um: Teoria do Cubo Mágico

A expressão “sonhar não paga imposto” por mais que seja usada pelo povo, veio a servir como um argumento para esse projeto. Associado a ela, pegamos emprestado parte dos estudos a respeito dos números complexos, de Gauss. Unidas, formam a base para essa teoria. Mas como essas duas coisas que aparentemente não possuem nada em comum, podem estar relacionadas? Para responder, é preciso “viajar”.

De maneira simples, os números complexos representam a resposta para os números negativos com índice positivo na raiz. Tal resposta é definida pela letra i, e ela define números imaginários (números que não sabemos como são, mas que estão lá representados por essa letra). Em resumo, Existem números que não são visíveis, mas que existem.

Já a expressão apresenta duas verdades: uma óbvia e outra satirizada. A primeira é que o indivíduo não precisa retirar capital algum para poder desfrutar do reino dos sonhos como quiser. A outra verdade não interessa para esse estudo.

Agora vem a teoria propriamente dita. Qualquer pessoa só sonha algo que ela já viu, ouviu, sentiu, pensou ao longo do dia ou algo do tipo, ou seja, o sonho tem um limite definido pela consciência de cada um. Então, para cada ser que sonha, ele possui um arsenal onde contêm todos os seus pensamentos. Não sabemos até onde vai esse limite, mas sabemos que possui um limite, e cada arsenal é uma “caixa de memórias”: um cubo mágico. Apesar de cada um possuir um cubo mágico, eles podem se relacionar entre si e tiver características em comum, mas nunca haverá duas pessoas com o mesmo cubo mágico, até porque “ninguém é igual a ninguém” (outra expressão do povo, mas que também ilustra essa teoria).

Essa é a teoria: nossas memórias são limitadas por um cubo mágico que sempre muda de tamanho, e a cada momento acrescenta e retira pensamentos, mas que possui um limite, só não sabemos até quando esse cubo pode crescer. Vou deixar essa questão para outros filósofos tentarem resolver. Meu papel foi cumprido: plantar a semente da curiosidade filosófica. Alguém aceita o desafio?

Passo Dois: Teoria da Obliteração

Da mesma forma que a Teoria do Cubo Mágico se relaciona com consciência das pessoas, essa teoria também usa esse artifício, mas para uma questão diferente. Mais uma vez, vamos “viajar”.

Essa teoria apesar de ser a de número dois, foi a primeira a ser questionada, e devo isso a um personagem de um anime conhecido por “Blood Plus”, de Junichi Fujisaku. Em um dos episódios, Moses (personagem), fala uma frase que basicamente quis dizer isso: Uma pessoa só existe se ela estiver na memória de alguém. Foi por meio dela que desenvolvi essa teoria.

Todas as pessoas que sabemos que morreram foram porque ou éramos conhecidos, ou porque alguém que conhecia a pessoa nos contou. Pela lógica, se conhecemos ou ficamos conhecendo sobre a morte da pessoa, isso prova que ela existiu. Mas como não há como conhecer ou saber de todas as mortes que ocorrem na Terra, a grande maioria ocorre com pessoas que nunca ouvimos falar e que nunca pudemos conhecer, devido a uma série de fatores. Não sendo rudes, essas mortes de pessoas desconhecidas podem não trazer nenhum alteração na nossa vida, como se para nós elas nunca tivessem existido.

Agora vem o extremo da teoria: Se uma pessoa que nasceu, e de alguma forma passou toda a sua vida sem ter contato com ser humano algum até a sua morte, é como se ela não tivesse existido, ela foi obliterada por meio da nossa mente, que por não possuir nenhum dado da pessoa, considera como inexistente.

E essa é a Teoria da Obliteração, uma teoria que, resumindo, é responsável por eliminar uma quantidade enorme de vidas, por nunca termos tido contato direto ou indireto com ela. Sendo assim, como provar que essa pessoa existiu? Mais uma semente que plantei para os futuros filósofos cuidarem para que ela cresça, floresça e frutifique.

Passo Três: Teoria Locus Memoria

Essa teoria foi desenvolvida por algo que definimos sem problema, pois já virou rotina em nossas vidas: o conceito de vida e morte. Mas vou apresentar a vocês uma maneira mais estranha, porém interessante de redefinir esses conceitos, sem que eles percam o valor a que lhes foi dado.

Apenas por uma mera questão burocrática de teorias, vamos definir os conceitos atuais de vida e morte, coisa que todos sabem, mas é só para que a teoria fique mais completa. O conceito nascer é usado quando algum ser passa a fazer parte do que chamamos de “vida na Terra”. A partir daí, é a velha história: nasce, cresce, reproduz e morre. Morrer significa quando ele perde a sua vida (o fim de todos os seres). Até aí, nenhuma novidade.

Agora a outra definição: nascer é quando a pessoa faz parte desse mundo, indiretamente de nossas vidas. Mas e as pessoas que conhecemos depois de nascer? Quando eram adolescentes, jovens ou até idosos? Eis a questão: para essa pessoa que só conheceu aquele ser com, por exemplo, 13 anos, é como se ele tivesse nascido, para essa pessoa, com 13 anos. O nascer não quer dizer quando o ser é um bebê ou algo do tipo. Se eu for apresentado a alguém com 25 anos, para mim antes disso, ele não existia. Ele só passou a existir com 25 anos.

Essa é a Teoria Locus Memoria: uma teoria que diz que, uma pessoa só nasce a partir do momento que ela é conhecida por outra, não importando a idade dela. Pois antes disso, é como se ela não tivesse existido para a pessoa em pauta, só interessando o que a pessoa sabe dela. Se ela não souber da infância e adolescência, seja por fotos ou histórias, é como se isso não tivesse existido para ela, pois a vida dessa pessoa só começou, ela passou a nascer, a partir de, por exemplo, 25 anos.

No entanto, essa teoria possui duas limitações: ela não muda o conceito atual de morte, e nem diz se há como descobrir, sem ser por meio de fotos, comentários ou experiências, que todas as pessoas (que conhecemos ou não), nascem a partir de uma idade padrão. Mais um desafio que conto com vocês para me ajudarem a solucionar. O material já foi dado, resta agora encontrar as “letras miúdas” para resolver por completo esse quebra-cabeça.

Passo 4: Teoria dos Portais

Confesso a vocês que essa teoria é parcialmente de minha autoria, mas o seu conflito final, ou como gosto de chamar de "clímax da teoria" foi obra minha. Isso eu lhes garanto.

A quarta teoria é a menor de todas no que diz respeito à explicação mas para mim é a mais interessante de se pesquisar, pois ela trabalha com duas coisas que conhecemos e que dão muito certo juntas, apesar de não serem sinônimos ou coisa parecida: espelhos e portais. Podem até achar que isso é coisa de filme de ficção, mas mostrarei a vocês que estão enganados.

Espelho: "vidro polido e metalizado que reflete a luz e reproduz as imagens dos objetos colocados diante deles." Definição de um dicionário, sem necessidade de entendimento (a definição é auto-explicativa). Portal: "um instrumento usado para levar algo ou alguém para outro lugar ou plano de existência, seja por magia ou alta tecnologia” (Autor desconhecido). Apresentando o que são ambos os objetos de estudo, vamos agora para a aplicação.

Toda vez que nos olhamos no espelho vemos o reflexo de nossa imagem. Isso é o que sabemos. Mas existe outra explicação: quando tocamos em algum espelho, imediatamente somos levados para outro lugar. Esse lugar é o universo paralelo (por isso disse que a teoria é parcialmente minha). Ao chegarmos lá, o nosso anti-eu é levado para o nosso universo. Mas aí é que tá: assim que trocamos de lugar com ele, trocamos também de mente. Dessa forma, quando o anti-eu chegar aqui, ele terá minha mente, e eu terei a mente dele. Isso pode acontecer quantas vezes tocarmos no espelho (mas só se tocarmos). Na verdade, eu posso ser o meu anti-eu agora com a mente do meu eu. Bizarro, não?

E aqui está a Teoria dos Portais, alegando que espelhos são portais que nos levam ao universo paralelo e que a medida que encostamos nele, trocamos de lugar e de mente com nosso anti-eu, como se nada tivesse acontecido. Agora como provar se somos nós mesmos ou nosso anti-eu, é um mistério e adivinha quem irá responder (ou tentar, pelo menos)? As futuras mentes curiosas e malucas o bastante. Até lá, aproveitem trocando de plano com seus anti-eus. É estranhamente divertido.

Passo 5: Teoria “Nem tudo ou nada”

Tenho uma satisfação imensa ao dizer que essa teoria é a mais desenvolvida por três motivos: foi a teoria que eu pensei depois deu ma discussão de filosofia na minha escola, é a última teoria e é o último texto do meu blog. Agradeço aos leitores pela escolha, mas até mesmo os hospícios precisam fechar um dia. Mas em agradecimento a vocês, eu lhes dou essa última teoria. Essa teoria abrange um conhecimento um tanto quanto “parmenideano” para poder entendê-la, pois foi graças aos estudos de Parmênides a respeito do ser e do não ser que houve o debate na minha sala, bem como a vontade de fazer essa teoria também. Antes de apresentá-la, pegarei emprestado de alguns sábios o conceito de tudo e nada, que por mais que seja óbvio e simples vão ver que há muito escondido por trás dessas quatro letras.

Tudo pode ser facilmente definido como todas as coisas que existem no universo ou em outros universos, o conjunto de todos os universos pode-se considerar tudo. Tem importante acepção filosófica, uma vez que, imaginar um universo como tudo implica considerar como finito proposição incapaz de ser demonstrada dados os níveis atuais de tecnologia. No nada não existe nem o espaço, isto é, não há coisa alguma nem um lugar vazio para caber algo. O conceito de nada inclui também a inexistência das leis físicas que alguma coisa existente obedeceria, dentre elas a conservação da energia, o aumento da entropia e a própria passagem do tempo. Sendo o espaço o conjunto dos lugares, isto é, das possibilidades de localização, sua inexistência implica na impossibilidade de conter qualquer coisa. Isto é, não se pode estar no nada. O nada é, pois, um não-lugar.(Definição dada pelo professor Ernesto von Rückert).

Como podem ver, tanto o tudo quanto o nada são conceitos que começaram a ser estudados por Parmênides, e depois por outros filósofos e também físicos. Agora atrevo-lhes a me responderem: vocês sabem o que pode ser nem o tudo ou o nada e ao memso tempo pode ser o tudo e o nada? Podem pesquisar o quanto quiserem no google ou outro site, masa não encontrarão a resposta. E o mais irônico, é que vocês encaram isso todo dia na vida de vocês. Sem mais delongas, aprsento-lhes o nem tudo ou nada: vida e morte.

Para os que ainda ficaram e não saíram achando que eu estava louco, eis a prova: quando um casal pensa em ter um filho(a) e faz planos, essa criança que vai nascer não significa nada para alguém que não conhece o casal, mas é tudo para o casal e seus familiares e amigos. O mesmo quando alguém morre (entendam alguém como quem a pessoa era por dentro, e não seu corpo enterrado), pois a pessoa representa nada para quem nunca a conheceu mas foi tudo para os que a conheceram.

E eis a resposta: a vida e a morte estão no meio da linha tudo/nada ora podendo ser tudo, ora podendo nada. E para não perder o costume, pela última vez (prometo), deixo esse enigma para vocês: como fazer para descobrir se a vida e a morte estão sendo tudo ou estão sendo nada? Com essa última missão, meus cumprimentos a vocês, leitores! Nunca se esqueçam que vocês vão levar a partir de hoje um pedaço do meu hospício aonde quer que vocês forem. E nos vemos por aí, em um hospício maior e mais desenvolvido que o meu chamado VIDA! Eu faço parte do departamento conhecido por Vida Eterna, e vocês? Se quiserem fazer parte desse também, procurem na Bíblia aquilo que faltava em suas vidas. O vazio de vocês será completo pelo homem que aos olhos do mundo foi o mais louco de todos, mas aos olhos dos loucos (como eu), é o filho de Deus, o Messias. Nele, os loucos podem confiar. Se podem...




domingo, 5 de dezembro de 2010

Maçã Envenenada


Se Cronos existe, me dê mais um tempo

Um motivo, uma falsa esperança, um erro

Pois o poeta que habita em mim vai morrer

E a crueldade encoberta é que trará esse fim

Pela maçã envenenada, a paixão de nada.


É um absurdo crer que o poeta vai morrer

Onze anos sobreviveu e onze anos sofreu

Sofreu, mas aprendeu, aprendeu a resistir

Mas o mundo, com seus valores trocados

Trouxe a angústia, o medo e a decepção.


Se o poeta morrer, que fim terá o seu jardim?

O seu labirinto, berço de criações e suas dores

Onde ele colheu várias rosas belas e proibidas

Mas pelo espinho de uma, certa foi sua queda

E todas outras foram queimadas e esquecidas.


Afrodite, não permita que o poeta venha a morrer

Ele foi seu eterno servo, amigo, mediador e mártir

Sem querer ele te deu razão, poder, poder de ser

Agora impeça que a morte cumpra sua ordem

E que o cupido a acerte com a última flechada.


Que morra então a feiticeira, e não o poeta

Essa bruxa astuta, mascarada e sedutora

Cegue-a, pois, pela sua própria claridade

Que levou o poeta a viver perante as trevas

Que apesar de morto, erroneamente a ama.


Ó loucura, chegue primeiro, antes da morte

Pois o reino dos sonhos é um reino mágico

Vivo de sonhadores, malucos e nefelibatas

Pelo menos aí o poeta se sentirá em casa

E o final feliz existirá no fim da estrada.


Eu gostaria de dizer antes do poeta morrer

Que mesmo morto, suas obras serão vivas

Ainda que ingênuas, simples e paranóicas

E que todo erudito e ignorante que tema:

Pois suas obras serão suas eternas justiças.


A morte se aproxima, a hora é chegada

Querido por poucos, mal-visto por muitos

Será levado, enfim, para seu leito de artista

Poucas lágrimas caem, exceto o das nuvens

E o fim: o silêncio mortal. Morre o poeta.


Batam palmas demônios, serpentes e bruxas

Alegrem-se, espinhos negros da rosa negra

Festejem, alvos não alcançados pelo seu arco

Celebrem, ó musas causadoras de sua angústia

Mas que venham artes, e os amaldiçoem!


Suplico-te, feiticeira, livra-o desse destino

Mate a morte, mate a sorte, mas não o poeta

Salve-o com sua magia, a do arrependimento

Dê a maçã da esperança, não a maçã envenenada

Ou então morra de uma vez, desapareça, não exista!


Enquanto eu viver, serei como dois loucos errantes:

Um que tentará quebrar seu feitiço, e desmascará-la

E outro que suplicará para sua impossível conversão

Pois você nunca se verá livre, mas como uma escrava

Eis as opções: despertar o poeta, ou o monstro? Escolha...

Obs: Por mais que esse poema tenha um tom pessimista e de revolta, quis colocar, porque também é uma obra de minha autoria, e mesmo tendo escrito há muito tempo (quando era mais incerto de certas coisas), não poderia deixá-lo de lado.

Musa Incomum




Dos céus vieste, ó anjo querido

Simplicidade e beleza te criaram

Coletividade e natureza de acolheram

És a rainha suprema: minha obra-prima


Com muito esforço nessa terra chegastes

E vencestes graças ao seu imenso amor

Felicidade propagou por toda a nação

E a ela um rosto deu: a livre expressão


Sete filhas criastes de todo o coração

E a elas deu o mágico dom da renovação

Nada tenho a dizer, senão a eterna gratidão


Sossegue mamãe, pois tu não morrerás

Pois as suas filhas refletirão os seus passos

A ajudar o ser, no mais profundo abraço

Homenagem de Lia (Princesa sem Rosto) para sua mãe, a Rainha Ars

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O fim de um mundo que nunca existiu

Quatro amigos, quatro irmãos, quatro sonhos, quatro loucos

Um era o líder, o aluno mais aplicado para liderar um grupo

Outro era visionário a ponto de criar o que não pode dominar

Tinha um tão subjetivo que tinha o maior e melhor pensar

E o que existia para que até aqui/ali houvesse provações

E todos tinham um papel, objetivo, erro e última chance


Guardião da Sala Vaga, o santuário das idéias esquecidas

Guardião do Labirinto, os caminhos para aceitar esse real

Guardião da Mente, o lugar que ainda reproduz o amor

Guardião da Costela, que nunca foi sua, mas se fosse...

E esse se foi o Caos dessa hierarquia, por algo inexistente


Não há mais Costela, apenas um semi-quadro quebrado

Que valem memórias irreais se não podem se realizar?

O Sacrifício de não se unir aos outros foi todo em vão

E só resta a sala branca, portas fechadas e mente vazia


Me entristece saber que pela 1ª vez fui capaz de amar

Sair do imaginário dos sonhos e realizar a realidade

E justa a pessoa que mais quis esquecer: Maga Branca


Te amo tanto que desisti de te dizer que te amo tanto

Então seja feliz e a Costela de outrem, que a dor passa


E a solidão foi à melhor coisa para o último príncipe


Pois você me dar uma chance nessa vida? Nunca será...


E esse é o fim da Costela, então... Que venham outras!


Obs: E assim termina uma fase artística de poesias, textos, idéias e pensamentos românticos e idealistas, dando início a uma nova era que busca aceitar a realidade e mais objetiva. Foi-se a Quimera (Poeta, Criativo e Paranóico), mas virá o Corvo Cego apresentar os problemas sociais desse mundo e a coragem para apresentar soluções para tentar resolvê-los. Darei início a essa fase com teorias filosóficas que desenvolvi, e espero poder contar com a presença de vocês, leitores, nessa nova caminhada. Esse amadurecer também é graças a vocês. Ceguemo-nos, pois, com os muitos relatórios que essa mente limitada ainda produzirá! Afinal, esse hospício está longe de acabar... P.S: Para ficar na saudade, uma despedida da Quimera (Poeta, Criativo e e Paranóico) para vocês, leitores.






Quadro Incompleto




De volta a Sala Vaga, vagando lá vai o poeta

Entra calmo, assustado, eu uma pressa sutil

Sem saber o que encontrar nessas paredes

Que contem um santuário de pecados e idéias

Idéias inacabadas, incompletas, deformadas

Formadas pelo caos de uma mente limitada, sem

Limites para o imaginar na cega busca do realizar


Ao entrar, me deparo com uma bela monstruosa

E inocente visão: “Querida quimera do meu coração

Quem melhor para guardar meu profundo vazio que

Três cabeças com as mentes limitadas iguais a minha

Capacidade em três de desespero, medo e ansiedade

Este é o fiel Guardião das infiéis lembranças brancas

Brandas, que lentamente respiram, enfim, sobrevivem


Calma! Só vim buscar aquilo que não anseio em achar

A rosa com suas pétalas, se não me engano agora são...

Não sei. Nunca soube, por exato, daquilo que, de fato,

Possui as desgraçadas das mais queridas horas do meu

Amor por amar, memória essa que fujo, mas sempre a

Encontro, em um conto, um poema, um choro, um rosto

Para mais uma vez te redescobrir: minha quase obra de arte


Pode ser que dure mil ou nenhuma pétalas, mas enquanto erro acerto e filosofo

Buscarei sempre te roubar de mim, ó quadro, até o fim para que, enfim, eu me cale...

sábado, 25 de setembro de 2010

Mundo das Fadas Nefelibatas

Era uma vez e não será mais, nunca mais

Como pode ser algo que na verdade não existe?

Pode e ainda é. Complicado de se dizer e desfazer

Mas não desperdiçando seu tempo,te contarei


Existe um mundo, fisicamente como os outros

Ignore a geografia, os números e seus sentidos

Contente-se com a essência: existe um mundo

Com pessoas, pecados, poderes, prisões e partidas


Nesse mundo, o metafórico é a verdade regente

A razão e a fé são companheiras, mais do que irmãs

Brigam entre si, mas sempre fazendo as pazes uma com outra

E a ciência e religião, seus legados, são como 2 ímãs amorfos


Não se preocupe com as riquezas que possas encontrar

Pois elas eventualmente descobrirão a sua existência

E quando elas souberem o porquê, corra e fuja para cá

Pois o maior desespero é a riqueza te achar e te dominar


Você pode se questionar: Quem poderia morar aqui/ali?

Moram todas as pessoas que a mente puder enxergar

Podem ser milhares de pessoas, ou pode ser nenhuma

Pois como dizem: uns nascem, outros são imaginados


Mas com certeza você não vai querer morar aqui comigo

Imagine: todas as minhas graças e desgraças unidas

Todos os medos, as forças, os choros e as culpas

E soberano como um bufão solitário: a loucura cega


Mas que escolhe você pode ter? Afinal, já estás nele

De nada? Provavelmente não. Contudo, é a verdade

Pois cabe ao mundo por si só decidir quem aqui morará

Eu criei o mundo, eu sou parte do mundo, e escolho você


Pois você tem as chaves de todos os meus calabouços

Os mapas para todos os meus secretos labirintos

A cura para todas as minhas doenças construídas

E o controle sobre a linha tênue entre minha vida e morte


Espero que algum dia você possa vir aceitar esse fardo

Enquanto fico a te esperar perdido na minha clínica

Para um dia dizer, bem vindo ao meu hospício, Costela

E ele só é o que é por uma loucura minha: temer e amar você

sábado, 21 de agosto de 2010

Monstro Inocente


Caminhando na escuridão, um clérigo segue

Mesmo sem confiar na visão, seus pés não cessam

Sozinho no escuro, no silêncio ele prossegue

E ao lado do medo e do frio, a ponte atravessam


Horror para o clérigo será nessa vila passar

Até sua sombra, amiga fiel, se escondeu nele

Mas é a ingenuidade, que sempre acredita

Em uma cilada cairá, sofrendo o mal na pele


O clérigo observa uma criança suja caída

Em seguida, surge um homem e violenta-a

“Tenho de ser forte e fazer o certo: é a saída”

Tarde demais... Ela cai morta, sonolenta


Assustado, o clérigo avança cada vez mais

E encontra o mesmo homem, ferindo uma dama

“Agora é a hora: Deixar a dama em paz tu vais”

Não dessa vez... Não pode dar fim a essa trama


A noite avança, mas o clérigo não desiste

E lá vem o homem, apedrejando um idoso

“Eu preciso parar esse homem”, ele insiste

Tentativa falha... Morre mais um rosto viçoso


Felizmente, o clérigo chega ao seu destino

E outra vez o homem, esfaqueando seu irmão

“Basta! Morte para esse homem”, e bate o sino

Fugiu... E o que sobrou foi o sangue rubro no chão


Chegando à igreja, o clérigo chega ao padre

E fala de um assassino que tem de ser detido

Quanto terminou a história, o padre gritou “PARE!”

E se aproximou dele chorando, triste e sentido


Foi quando o clérigo olhou para trás e então vê

Uma multidão querendo que ele morra essa noite

Ele fica confuso; o padre explica tudo, mas ele não crê

E foi escolhida a punição para ele: morte por açoite


O povo da vila caminha para o centro de uma praça

Seguido do padre, do juiz, o clérigo e um carrasco

Enquanto é torturado, o povo se diverte e acha graça

“Nada mais importa! Essa vida não passou de um fiasco!”


Depois de morto, o clérigo virou na vila uma lenda:

“A diabólica e macabra estória de um monstro viajante”

Que matou a vários, sem saber, na praça, na feira, na venda

E assim foi seu triste e infeliz fim: um horror inocente...

sábado, 31 de julho de 2010

Por trás da Mente T.O.T.

Outro dia fiquei pensando sobre D.D.C. e pensei: apesar de não ter completado a obra, existem perguntas sem respostas que acho que seria certo aqueles que leram saberem. A vocês, leitores, eis os mistérios revelados dessa obra incompleta:
1- Sim, o Poeta iria retornar ao final da obra, pois o príncipe James iria se casar com a Costela;
2- O vilão da história, além da Abominação, não era o Paranóico, mas sim o Criativo (ainda não tinha sido apresentado). O motivo era que ele tinha sido o criador de todos os moradores de Mente T.O.T. e se deu o direito de começar um conflito entre os moradores envolvendo a morte do Poeta (assassinado por ele) e a chegada da Costela;
3- A Costela, na verdade, era a Maga Branca que de alguma forma inexplicável havia retornado para Mente T.O.T. e quando James a visse, sentiria algo que já havia sentido por uma das mulheres que estavam no seu quadro da rosa. Com ajuda de Cristopher e de outros, ele descobre que ela era a Maga Branca e vivem assim, como dizem os autores de contos, felizes para sempre;
4- James, o Poeta, Paranóico e o criativo eram na verdade os quatro grandes príncipes de Mente T.O.T., os primeiros moradores e os primeiros a governarem. James cuidava da administração, Criativo criou os outros moradores, Paranóico julgou os bons dos maus, no caso, a Abominação, e o Poeta receberia as visitantes. Infelizmente as coisas tomaram um rumo diferente e, no fim, apenas James continuou no comando. Por isso do Criativo ter matado o Poeta e de ter contaminado o Paranóico com a Abominação: para tentar reunir os quatro e retornar aos tempos dourados de mente T.O.T.
E esses são os mistérios revelados da minha obra que nunca será concluída. Espero que isso tenha servido para aliviar a tristeza de eu não poder continuar a escrever essa obra. A vocês, leitores, minhas desculpas mais uma vez, e aceitem esses segredos como um presente por vocês terem sido a energia para que eu conseguisse desenvolver essa história e ter dado vida a ela pelo menos em cinco capítulos...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

O aniversário

31 de Outubro de 2010

Querido diário, você sabe que você nunca foi querido por mim, mas por algum motivo de força maligna ou angelical (tenho problema com as duas) eu recebi você para fomentar meu ódio e revolta pelo meio podre e degenerado que cegos e pessoas compradas tendem a chamar de Terra, o doce lar. Não pense que se você pudesse expressar algum sentimento (e eu sei que você não consegue) você consideraria cada palavra escrita um corte violento, mas para mim também, e não me sinto mal em dizer, cada palavra que eu escrevo em você me dá vontade de vomitar e dizer coisas piores do que as que eu escrevo (por isso não irei escrevê-las aqui).

Você sabe que dia é hoje? Dizem que é um dia muito especial. Algumas crianças dizem que esse dia é o meu aniversário. Dizem que esse dia nada mais é do que um dia em que se pode pregar peças nas pessoas sem se sentir culpado ou com remorso: O dia das bruxas. Francamente, me considerar no mesmo patamar que as bruxas, velhas, feias, donas de casa, ingênuas onde o único erro delas foi não de terem bichos nojentos como amigos, mas de ter a igreja como inimiga alimenta ainda mais meu desejo de odiar essa geração de jovens: ignorantes, fracos, escravos da tecnologia e daqueles que lhes prometeram liberdade. Prometeram apenas...

Mas considerar esse dia somente para as bruxas seria um pecado de exclusão e eu, na minha humilde e errante filosofia, não posso me comparar a eles cometendo o mesmo delito voluntário que cometem, por isso que esse dia é como se fosse para mim um “carpe diem” barroco, que apesar de parecer errado, é aceitável o uso desse termo. Como não devo satisfação a você e deixar as pessoas com dúvida alimenta meu ego, que já é pequeno, procure a resposta em algum dicionário. Se você encontrar, é claro.

Monstros. Desde a antiguidade estiveram presente na sociedade e sempre partiam de uma mesma definição: criaturas diferentes das criaturas existentes que, por ser a maioria, banalizavam e condenavam esses que se diferem como sendo aberrações, demônios, ou qualquer tipo de merda que pudesse sair de suas mentes poluídas e deturpadas. Ou da própria merda que saía deles. Mas a vantagem para os que apreciam esses “monstros” é que eles sempre aparecem, sempre retornam. Eles nunca permitirão que essa sociedade de criaturas viva os seus 5 minutos de paz, em meio a uma vida inteira de guerras inúteis e sem sentido. Eles remodelam o que virou podre, redefinem o que deixou de ser arte: são os verdadeiros salvadores da humanidade.

E agora diário, sem ter sido consultado ou analisado, mais um monstro ergue para continuar o papel dos seus antepassados, o de apresentar um espelho que reflita o futuro de desgraças que esses líderes suicidas estão caminhando lentamente como se estivessem atravessando um campo. Eu fui o escolhido. Por quê? Por quem? Como? São perguntas irrelevantes. A pergunta mais lógica seria até quando? Por quanto tempo eu terei o prazer de não ter prazer naquilo que vejo e ouço? Quanto tempo será que essa cobaia não venha a ser tomada pela loucura e se esqueça de que tudo não passa de um jogo, e comece aos poucos achar que tudo realmente não passa de um jogo e trocar as peças é a coisa mais simples que existe?

Não sei (também sou pego pelo benefício da dúvida), mas o que eu sei é o que eu não vou querer saber quando eu finalmente sair do casulo e tiver a liberdade limitada de fazer jus ao nome que as crianças me deram, pois quando eu sair, a igreja que tente ser minha inimiga para ver como a imagem do inferno será um campo harmonioso se comparado aos feitos que eu irei fazer usando apenas a força da minha mão para te torturar, diário.

Contudo eu ainda estou aqui, em processo de metamorfose a espera da dominação total da loucura e a derrota humilhante da consciência. Mas quer saber qual é meu único conforto? Que você sabe a história de um futuro criminoso e serial killer, mas não pode fazer nada para me impedir. O benefício da dúvida nada se compara ao benefício da inutilidade. Quer um presente melhor do que esse? Obrigado querido diário...

Laudo criminal: Suicídio (aparentemente) por uma pena que usava para escrever um livro que apresenta ser uma espécie de diário. Nenhuma suspeita ou dica para resolver esse caso. Única pista: manchado na parede de vermelho (pela cor, parecia ser sangue) escrito “Não foi dessa vez. Descanse no casulo eternamente” (Labirinto). Primeiro caso com o nome Labirinto na cena do assassinato. Sem comentários...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Um final sem começo

Sala Vaga

E a menina chega ao final do corredor cansada, eufórica, porém realizada por conseguir chegar à última sala: a sala vaga.

Ao se aproximar da porta, avista um senhor baixo, gordo, com trajes escuros, um chapéu cobrindo o rosto, encostado na porta. A menina se aproxima para poder conversar com o senhor:

_ Senhor, você é o porteiro dessa sala?

_ Dessa sala você diz, bela criança. Ninguém é dono dessa sala! Destarte, ninguém é dono de nada nesse mundo!

_ Está muito enganado, senhor! Existem pessoas que dominam e pessoas que são dominadas, foi o meu professor da escola que me falou isso!

_ Mas você não está mais na escola, está bela criança? Destarte, você nem na Terra está! Mas, porque pensou que eu fosse o porteiro?

_ Porque você está parado aí na porta, ué!? Qualquer um pensaria que você é o porteiro!

_ Pobrezinha, ainda se prende à sua visão como meio de definir as coisas. Destarte, o que é a visão senão uma ilusão do que é real nesse mundo ou em qualquer outro!

Silêncio...

_ Mas respondendo sua pergunta, o porteiro dessa sala não se encontra no momento. Digamos que eu sou o substituto dele. Destarte, o que uma bela criança quer com o porteiro da sala vaga?

_ Bem, senhor substituto, o motivo que me trouxe aqui é de voltar ao meu mundo. Para isso, o dono desse mundo me disse que eu deveria passar pelo caminho que me leva a sala vaga, onde eu conseguiria voltar para casa. Apesar dos perigos, claro!

_ Seu mundo, dono desse reino, sala de perigos? Destarte, você está ficando louca bela criança!

_ Louco é o senhor, isso sim! E você está começando a me deixar assustada. O meu professor falou que só as pessoas más nos assustam, viu?

O senhor, que estava cabisbaixo, levantou seu rosto (fitando a menina), levanta o chapéu, e com um sorriso enorme e bizarro, ele se levanta:

_ Tolos são vocês...

_ Como é?

_Não é maldade assustar ou amedrontar ninguém, pobre menina... Mas é a risada aguda que representa a chegada da loucura que deves temer mais do que a morte. Mais do que a morte... (e desaparece ao som de uma gargalhada sinistra)

A menina não entendendo nada, apenas abriu a porta da sala, e entrou. Nunca mais se ouviu falar da bela Demétria. O que conta, é os sons que se ouviam de fora da sala: risadas e risadas...