sábado, 15 de maio de 2010

D.D.C. Cap.2

Não gosto nem um pouco de descrever esse espaço, mas como me foi dada à tarefa de narrar esse acontecimento póstumo, então tenho de aceitar as conseqüências. Pensem em um lugar assustador, o lugar que seria mais assustador para vocês. Não sei se é o mesmo (provavelmente não), mas o lugar mais assustador em Mente T.O.T. também é o lugar mais acessível, não para punir senão prender aqueles que, de alguma forma, é contra a ordem que vigora. Resumindo, os “caras maus”.

Não digo isso para vanglorio, mas aqui no reino, não temos tantos problemas que cheguem ao ponto de mandarmos o indivíduo para o Buraco Negro (o nome do lugar mais assustador). Mas exceções existem isso não é uma exceção, e existiu um caso que está preso ainda hoje que foi necessária essa medida severa de prendê-lo. Era um grande homem que tinha um futuro ou passado brilhante, se não fosse pela sua natureza: o Dr. Paranóico.

Apesar do nome, não pensem que ele não possuía virtudes, na verdade, ele já foi responsável por muitas coisas boas, algumas descobertas, e até mesmo vitórias em nome do príncipe regente, James I. Mas a sua maior virtude também era seu maior carma e seu maior inimigo. Não apenas seu maior inimigo, mas o maior inimigo do príncipe.

Já faz algum ou muito tempo que o doutor está preso, mas ele sempre recebe visitas. O príncipe todo mês faz questão de visitá-lo, pois mesmo sendo seu inimigo, também é seu amigo. Por falar nisso, hoje é dia de visita.

Dado algum ou muito tempo, o príncipe chega em Buraco Negro (localização desconhecida). Parece que ele está acompanhado, mas seja lá quem for, decide esperar pelo príncipe lá fora. O príncipe caminha calmamente e de cabeça baixa parecendo que está pensativo. E pouco a pouco se aproxima de onde seu amigo-inimigo está.

Vamos descrever o lugar. É uma espécie de corredor preto. Não escuro, mas preto. Não se ouve nem vê nada, tudo preto e silencioso. O único som são os sapatos do príncipe que caminham lentamente. Parece que o lugar não tem fim, e que todo ele é um espaço preto, um buraco negro literalmente. Mas não me pergunte como, o príncipe sabe andar por esse caminho, e num piscar de olhos (desculpem a expressão clichê) uma porta range, e o príncipe entra por ela. Ele chega à cela do Paranóico, que não se difere tanto do caminho por onde o príncipe caminhou.

Ao chegar, ele se depara com uma cena que, mesmo tendo visto ela muitas ou poucas vezes, ele se surpreende e se sente mal. O doutor está acorrentado em uma espécie de mesa, com uma corda amarrada no seu pescoço presa no teto (ou algo parecido com um teto), e rodeado de espadas a uma curta distância do seu corpo, todas afiadas e direcionadas para ele. Mais bizarro que isso, é o estado do doutor: sujo, fedido, fraco, ferido, cabisbaixo, sangrando (pelas feridas que ele fez consigo mesmo), e um pano cobrindo seu rosto, exceto o olho esquerdo que está fechado, mas não vendado.

O príncipe se aproxima, tira suas luvas, e aproxima-se mais dele, que em nada se mexe:

_ Como vai meu amigo?

Uma voz fraca, triste, mas de consolo se faz presente, porém a indiferença do doutor ainda se manifesta.

_ Estou vendo que você fez novas feridas no seu corpo. Mas não se preocupe amigo, eu sempre venho para vê-lo.

E tira do seu bolso um frasco e um pano úmido, e começa a limpar o sangue escorrido e a usar um remédio nas feridas. Mesmo depois de terminado, o doutor nada se pronuncia ou movimenta.

_ Como sempre você me ignora e finge que eu não estou aqui. Quando isso vai mudar, doutor?

E o doutor levanta lentamente a sua cabeça e encara o príncipe.

_ Quando você me libertar...

Mesmo com a boca coberta ele fala bem fraco e grosso, uma voz fria.

_ Você sabe que eu não posso fazer isso. Não sabemos por quanto tempo a abominação possuiu você, e nem se ela ainda está em você, e nem se você foi contra essa possessão, apesar do sofrimento que sinto ao pensar que você foi de acordo com o que aconteceu.

_ Todos somos afetados pela abominação, James, mas só eu sou afetado pela loucura. É nela que acredito, e não na verdade. Por isso você me prendeu.

_ Não diga uma coisa dessas. Prender você foi tão ruim quanto à morte do...

Antes de terminar, o Paranóico abre seu olho esquerdo. É um olho branco, tão branco que naquele meio tão escuro, chega a iluminar toda a sala. Além disso, o olho se movia tão frenético para um lado e para o outro, que faz com que o príncipe se afaste dele, da mira do seu olho.

_ A verdade é que você gosta de estar aqui, gosta do que aconteceu, e gosta do que sofreu e do que fez esse reino sofrer.

E antes de sair da sala, o olho do doutor fita os olhos do príncipe (parece até que ele está dentro dos seus pensamentos) e levanta sua cabeça.

_ E vou gostar do que ainda vai acontecer, James, do que ainda vai acontecer...

E uma risada macabra paira no ar, apesar de que é o olho do doutor que está rindo. O príncipe coloca suas luvas, faz uma reverência, e sai desapontado e assustado.

Saindo do lugar, ele se aproxima até onde está o seu seguidor: um cara alto, bem vestido e com olhar aflito por não ter ido com o príncipe (na verdade ele não podia. Ninguém pode).

_ Já é hora de irmos, Cristopher, mas gostaria de ir por outro caminho. Para ser mais exato, passando pela floresta Memoria. Acredito que relembrar acontecimentos que já passaram mesmo que sejam perigosos são necessários.

_ Não creio que seja uma boa idéia, mas pelo jeito que você saiu, acho que você não tem escolha.

_ Desde quando eu tive Cristopher?

E partem para a floresta. Na verdade, é uma floresta que cobre todas as partes do reino. É o cobertor do reino, a fortaleza, e acima de tudo, o lugar de onde todo o reino foi formado. Essa é a floresta Memoria.

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