sábado, 15 de maio de 2010

D.D.C. Cap.3

É dia de reunião. Não havia dia pior para se programar uma reunião. Esse dia eu nunca irei me esquecer: o dia em que perdi um grande amigo e o dia em que um grande amigo ficou perdido. É o tipo de coisa que eu, como um príncipe, não consigo entender. Rei meu, porque fizestes isso comigo?

_ Com licença, senhor, mas a reunião já começou. Estão todos a sua espera, e me pediram para vir chamá-lo.

Desculpe Cristopher, mas não me sinto preparado para encará-los. O que vou dizer? O Poeta se foi e o Dr. Paranóico foi possesso pela abominação e deve ser preso imediatamente? Ou quem sabe falar que o Perdão está se martirizando no calabouço do palácio e o Criativo fugiu e que está a um passo de perder sua identidade? O que quer que eu diga Cristopher? Hein?

_ A verdade, senhor. Somente a verdade. Porém não a diga com gritos. Você sabe que isso só piora ainda mais a situação. Não vale a pena também culpar o Rei por isso. Você sabia que isso poderia acontecer. Ninguém queria que acontecesse, mas aconteceu. Agora a maga branca se foi, talvez nem volte, o Poeta se foi, o paranóico está foragido e todos os outros estão preocupados e temidos com o que pode acontecer agora. Mas você é o príncipe, e querendo ou não, cabe a você contornar essa situação e evitar que ela corrompa o reino. Ou você já não tem mais a força que tinha para governar sua própria mente?

Sabe você me assustou mais ainda, mas está certo. Cabe-me resolver as coisas. Afinal, sou tão responsável por ela como qualquer um que seja verdadeiramente o responsável. Vamos então, já estamos atrasados. E Cristopher, obrigado pelo apoio.

_ Só faço o que devo fazer senhor. Cuidar e ajudá-lo. Agora vamos.

Confesso que ele é um grande amigo, mas não posso ficar pensando nessas coisas agora. Tenho de me concentrar e começar a reunião. E seja o que o Rei quiser.

_ Olha ele ali, gente, o príncipe! Ele está vindo!

_Mary, querida, sabe que você não pode participar da reunião. Espere com Lisa e Alice. Parece-me que as coisas só vão piorar.

_ Mas Nick...

_Por favor, Mary. Depois nós conversamos.

_ Detesto essas reuniões. Você vai ver Nick, você me aguarda. Tchau tio James e moços sérios! Tchau querido!

_ Tchau, Mary. Cuide-se.

_ Pode deixar!

_ Peço mil desculpas, senhor, mas você conhece bem a Mary. Isso não irá se repetir. Eu prometo.

Não se culpe Nicolas. Se minha preocupação fosse essa, eu estaria feliz e sorridente. Acho que agora podemos começar. Cavalheiros, podem se sentar. Cristopher faça a chamada hoje, por favor?

_ Certamente, senhor. Cristopher, presente. Halbert, Dr. Harry, Dr. Jackal, Nicolas, Omni e Rubert?

_ Presente (todos dizem).

Pois bem. Que comece a reunião. Rubert, o relatório, por favor.

_ Claro. Bem, Nós últimos ou primeiros anos, tivemos a visita de uma jovem, que recebeu a alcunha de Maga Branca. Ela...

_ Quando é que essa reunião irá ter a competência de discutir a verdade, em vez de ficar presa a regras e burocracias?

_ Com licença, Dr. Harry, mas eu tenho de terminar o relatório.

_ Não me leve a mal, Rubert, mas todos nós sabemos o que será discutido hoje. Minhas observações diárias são mais certas do que seus relatórios. Proponho que deixemos a política de lado, e discutamos o que verdadeiramente importa.

_ Que seria...

_ Morte, Nicolas. E prisão. E despedida. E solução para esses problemas. Tenho certeza que o príncipe há de concordar comigo.

_ Não ouse colocar palavras na boca do príncipe, Harry. Você não tem o direito!

Não se preocupe Cristopher. Queira-me desculpar Rubert, mas creio que o Dr. Harry esteja certo. Vamos discutir o que deve ser discutido. Muito tempo já foi perdido.

Talvez agora o senhor se acalme Dr. Harry.

_ Perdoe meu caráter impulsivo, mas é que devido aos fatos ocorridos, não podemos perder tempo com trivialidades. Mas irei me controlar. Isso não vai se repetir.

_ Estão todos fugindo do assunto, correndo como loucos, a espera de alguém ter a coragem de se pronunciar.

_ Tem algo a dizer, Dr. Jackal?

_ Tenho. Na verdade tenho. Halbert e demais cavalheiros, todos vocês bancando os sábios e conselheiros, representantes e donos do reino, quando na verdade são covardes por não estarem discutindo a verdade.

_ E você, suponho eu, seja o mais corajoso de nós.

_ Está enganado Halbert. Eu não sou o mais corajoso. Eu não sou nada disso. Eu apenas sou e não sou. Não sinto. Mas como vocês tendem a serem subjetivos, sejamos sinceros uma vez na vida, e acabar com o suspense fictício: MORTE, PRISÃO, ABOMINAÇÃO, SOFRIMENTO, PERDA, TERRO, CAOS! São essas as palavras que vocês temem em pronunciá-las, as palavras que tornam o sonho utópico de vocês falho e apenas um sonho. Um sonho, senhores!

Não há necessidade de aumentar sua voz, Jackal, todos nós podemos ouvi-lo em claro e bom som. Concordo com a sua revolta. Se for assim que você quer, vamos ao que interessa.

Cavalheiros, a Maga Branca partiu. Confesso que foi difícil para eu aceitar isso, mas aconteceu. Assim como foi com as outras, ela partiu. Apesar de ter sido diferente sua estadia, sua partida foi semelhante a das outras.

Quanto ao Perdão, já tentei de tudo para livrá-lo dessa agonia, mas ele não me ouve. Por isso que tomei a iniciativa de trazê-lo para cá. Mesmo com sua atitude de masoquismo, estando no palácio, à vigilância será melhor. Conto com você para isso, Omni.

_ Meu dever é cumprir suas ordens, senhor. Tens minha eterna palavra que irei vigiá-lo.

E tem minha eterna gratidão, irmão. Continuando, todos vocês aqui presentes sabem que o Criativo fugiu e não sabemos aonde ele se encontra. Na verdade, o problema não será de procurá-lo, senão evitar que ele desista do seu cargo.

_ Isso é sério?

Temo que sim, Nicolas. Mas prosseguindo, tenho duas trágicas notícias para dar a vocês: o Poeta, como vocês sabem me procurou pouco antes de...

_ Senhor, você está bem?

_ Cristopher, é você, o que aconteceu?

_ O senhor desmaiou, provavelmente se esforçou muito no que quer que tenha lembrado.

_ Pareceu que a memória tinha sido apagada, bloqueada. Mas não entendo. Como isso seria possível?

_ Nada é impossível, senhor. É isso que sei. Acho melhor voltarmos para a estrada. No palácio, o senhor se sentira melhor. E também prometi a Alice que não demoraria.

_ Está certo. Por você e por ela, eu penso nisso depois. Vamos embora então. Antes que mais pensamentos sejam bloqueados ou apagados, ou pior.

_ Como assim pior?

_ Roubados, Cristopher. Roubados.

E assim, voltam para o caminho rumo ao palácio, localizado em Imaginar. Apesar de a ida ter sido tranqüila, ambos sabiam que a volta seria quieta, pensativa, e por prevenção, perigosa. E no caso do príncipe, a única coisa que ocupava seus pensamentos era a conversa que teve com o Paranóico. Será que ele, mesmo preso, poderia ser responsável por isso. Ou alguém pior?







2 comentários:

  1. A série é promissora... Espécie de alegoria simbolista, se é que posso me valer destes termos. O único porém é a linguagem - senti uma certa restrição imposta (da parte de quem, eis o mistério) quano ao uso de uma linguagem por força rebuscada e elevada. Enfim, pitacos de crítica na culinária alheia... No geral, está muito bem elaborado e instigante. Espero ansioso pelos próximos capítulos!

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  2. massa pacas, e eu já sei quem é quem e o que pega com o que e onde (entenda essa frase xD)... O problema são os errinhos de português aqui e ali, mas como você não é um grande escritor (não entenda mal, quero dizer que você não é um Dan Brown ou um C.S. Lewis) não vou ficar reclamando muito... Afinal, como você mesmo disse, o que importa é o fato de o texto estar coerente e entendível xD

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