segunda-feira, 24 de maio de 2010

D.D.C. Cap.4

Por mais que passar a tarde comendo maçãs e conversando com Sincero e Desengonçado fosse agradável e proveitoso, a Costela precisava partir e continuar a sua busca, seja ela qual for. Apesar dos pesares, ela despede-se dos seus amigos que ficaram tristes ao saber que ela tinha que caminhar por um caminho oposto ao deles, mas partem com a promessa de que a veriam afinal, bons amigos mesmo que estejam em lugares diferentes, sempre arrumam um jeito de se verem, certo?

A região Seguir, que é onde ela está, possui vários lugares interessantes, mas não é uma região em que existe, vamos dizer pessoas. Essa região é uma região de “chegadas e despedidas”. Não quer dizer que o Sincero e o Desengonçado vão partir, mas é que eles gostam muito de comer maçãs, e a região é rica e farta delas. E como a Costela não queria passar toda a sua vida nesse reino comendo maçãs, ela parte para uma região que, me orgulho em dizer, é uma das mais agradáveis, não pela beleza, mas pelas pessoas que nela moram. E para a Costela, é isso que importa: conhecer e conhecer.

Para sorte dela, a distância de uma região a outra é muito pouco curta. Antes que meia hora se passasse, ela chega à igreja de Adorar. É uma igreja simples, não tão grande, mas bela e bem arquitetada. Se aproximando mais, ela percebe uma faixa bem na entrada escrito: Igreja de Adorar, aberta para todos que se sentem cansados, oprimidos, doentes e carentes. Aqui é a casa de Deus, e nEle você pode confiar. Bem vindo (a)!

A Costela, muito curiosa, resolve entrar na igreja para descobrir o que pode haver lá. Antes de entrar pelo grande portão aberto, ela vê la do sul um jovem gordo (não obeso) que caminha em direção à igreja, com uma bíblia na mão e todo feliz, acho até que está cantando. A Costela tenta se esconder para não ser vista, mas depois pensa melhor no assunto e resolve conhecer o jovem (afinal, ela adora conhecer pessoas novas). O jovem está radiando alegria ao se aproximar dela.

_ Não posso crer, finalmente você chegou! Eu podia compor uma música para você, se eu soubesse! Espero que você esteja bem feliz e segura, porque aqui nessa terra, moça, você tem carta branca!

Enquanto fala, o jovem pula ao redor da Costela, todo alegre e feliz. E de uma forma inexplicável, ela passa a gostar disso cada vez mais.

_ Meu nome é Graça, é um prazer conhecer você, moça!

A Costela cada vez mais se sente confusa pelo comportamento estranho do Graça. Ao perceber isso, ele se acalma se aquieta e senta encostado em uma das paredes da igreja.

_ Posso entender o que você está sentindo agora, moça. Fico triste em saber que você não pode falar. E muito mais por você está em um reino desconhecido, com vários lugares para desvendar, pessoas a descobrir, mas me prometa uma coisa apenas...

Nunca deixe de ser feliz e dar boas risadas!

Graça levanta e dá um susto em Costela, que cai no chão, mas não se machuca. Ela olha para ele meio zangada, mas depois começa a rir com ele.

_ Sabe, eu nunca consigo companhia para ir à igreja. Eu sempre acordo mais tarde que os outros. Fé e Benção são os primeiros a levantar para a igreja. É muito chato andar por aí sozinho, você não acha?

Ela acena a cabeça, concordando. Graça então olha para o céu, bate na sua bermuda para tirar a sujeira do chão, e pega na mão da Costela.

_ Eu tive uma idéia, moça. O que acha de ir comigo a igreja? Vai ser muito legal, e posso te mostrar meus dois amigos. O que me diz?

A Costela pega na mão dele, e correm para entrarem no templo. Mais uma vez, ela encontra mais um amigo valioso. Será que esse também ela teria que despedir-se?

Pouco antes de entrarem no templo, Graça observa duas figuras se aproximando: dois jovens, ambos discutindo assuntos diferentes (assuntos religiosos) carregando suas bíblias, a de um está no seu bolso perto do seu coração, e a do outro aberto em suas mãos. Graça logo percebe: são Fé e Bênção. Graça então corre em direção a eles e derruba os dois com um forte e pesado abraço.

_ Amigos, não acredito, vocês estão atrasados assim como eu! Poderemos ir juntos para o templo pela primeira vez, isso é muito legal!

_ É bom vê-lo também, Graça, mas você está equivocado. Eu e o Bênção não estamos atrasados e nem você. Na verdade, estamos adiantados, mas você acordou primeiro do que todos nós hoje.

_ Não se preocupe, Graça, você apenas foi agraciado por ter acordado mais cedo. Eu e o Fé ficamos até tarde meditando na Santa Palavra. Foi muito bom e agradável, mas exageramos um pouco e acordamos hoje mais tarde.

_ Bem, por essa eu não esperava, hehe. Gente, gente acabei de lembrar: temos uma nova visita, uma nova amiga e ela está ali na frente da igreja. Ela é muito legal e bonita também. Estou pensando, será que ela pode ser a escolhida, vocês sabem, a que irá restaurar nosso reino?

Fé se levantou seguido de Bênção. Olharam para onde graça havia dito que ela estava, e depois conversam com ele.

_ Olha Graça, foi bem legal você ter encontrado mais uma amiga para você, e me alegro em saber que ela pretende ir a igreja conosco. Mas não se esqueça: não crie expectativas da qual você não consiga suportá-las depois. E francamente meu amigo, você sempre faz isso.

_ Fé, não precisa ser tão duro com ele. O importante é que todos nós do reino fomos abençoados pela chegada de mais uma adorável visita. Não é criar expectativas desejar que ela venha a ser uma moradora definitiva nesse reino. Até parece que você, perdoe o que vou dizer, está sem fé, oras!

_ Não é questão de falta de fé, Bênção, mas você lembra de todas as vezes que alguém partia e o quanto o Graça sofria. Gosto muito de pensar que ela pode ser uma visita eterna, mas antes de qualquer coisa, temos de falar com o Alfa e Ômega. Depois disso, meus caros, aí sim podemos começar a sonhar e crer que o milagre se aproxima.

Bênção e Graça ficam calados um tempo, pois sabiam que ele está certo. Depois de um tempo, Graça olha para o templo e vê a Costela ainda a sua espera.

_ Meu Deus do céu, amigos! Ficamos discutindo e discutindo e esqueci de apresentá-los a minha amiga. Venham, venham!

E puxou-os até a igreja, onde a Costela o aguardava. Ao chegar, Graça a apresentou aos seus dois amigos.

_ Moça, esses são Fé e Bênção. Fé e Bênção essa é...

_ Costela?

Foi estranho, mas ao olharem para ela, eles questionaram a mesma coisa. Para surpresa de Graça, ela acena respondendo que sim (foi o nome que Sincero e Desengonçado deram a ela). Depois, Bênção ajoelhou-se em direção a ela e Fé começou a chorar, colocando a mão no seu coração. Mais uma vez, Graça nada entendeu, e dessa vez, nem Costela. Depois de um tempo, Bênção se levanta e Fé cessa o pranto.

_ Minha cara, seja bem vinda!

_ Abençoada sejas e nós também!

_ Não falei que eles eram gente boa, moça?

E assim, os quatro entram no templo e assistem ao culto todos juntos. Graça contente por ter encontrado uma nova amiga, Fé por ter se sentido bem em sua presença, Bênção por ter recebido mais uma bênção e a Costela, que apesar de estar um tanto confusa, tinha a certeza de uma coisa: ela realmente era bem vinda, e isso a alegrava e trazia-lhe paz. Não sabia a quão essa paz duraria, mas não queria que ela acabasse tão cedo. Porém, mais uma vez, o olho que a observou na macieira com Desengonçado e Sincero mais uma vez a observava no templo com os seus novos amigos. O que aquele olho poderia querer com a nova jovem?





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