segunda-feira, 10 de maio de 2010

Prólogo

É noite. E chove. E cada vez mais se aproxima um vulto de maneira sorrateira e silenciosa, pronto para realizar sua missão. Missão essa que envolve mistério e exclusividade, pois ninguém, a não ser o vulto e quem ele irá se encontrar estão acordados nesse lugar inóspito e assustador.

Não se pode dizer muito do vulto, pois logicamente ele está coberto por um manto, mas o que pode ser notado é que o vulto está caminhando rumo a uma ponte. Não uma ponte qualquer: a Ponte das Respostas. Apesar do nome estranho, é uma ponte importante devido ao seu peso histórico (mas isso não vem ao caso).

Além do vulto, uma outra figura também se aproxima da ponte. Essa está mais clara de descrever: é o Poeta, o jovem cavalheiro de Amar, que está com um ar de tristeza, desânimo, resumindo, está muito mal.

Quando o vulto e o Poeta chegam à ponte, começa um diálogo entre eles:

_ Pensei que viria outro para realizar tal missão.

Mas o vulto ficou quieto. Por alguns segundos, o único barulho que se ouve é o da chuva. Depois, o Poeta se pronuncia:

_ Espero que você não desista de fazer o que deve ser feito.

Mas o vulto nada responde.

_ É estranho, sabe, mas eu ainda posso sentir o cheiro dela, aqui mesmo, onde ela partiu. Na verdade, é isso que mais pesa em mim. A princípio, confesso, achei estranho realizar tal ato aqui na ponte, mas como o próprio Rei deixara bem claro, existem coisas que não cabe a nós entender, não é?

_ Eu... Sinto muito. Muito mesmo...

_ Não sinta. Apenas faça o que deve ser feito. Tenho certeza que será melhor para todos nós. Acredito que estou preparado para isso.

_ Talvez, possamos encontrar uma outra solução. Você é o Poeta, seu fim não deve ser esse. Jamais!!!

O grito do vulto foi tão forte que, se houvesse moradas em uma distância a algumas milhas dali, todos iriam acordar tamanha revolta do vulto. Após o grito, o vulto se ajoelha e se põe em prantos. O poeta, calmamente, se aproxima dele, abaixa, e fala nos seus ouvidos:

_ Mas esse não é meu fim... Só é apenas o final de um capítulo da minha história. E outra coisa (agora se levanta e o vulto também), não se culpe pelo que aconteceu. Pela primeira vez na vida, nem eu, nem você e nem os outros foram responsáveis pelo ocorrido, e isso já e motivo de agradecer ao Rei. Agora só mais uma coisa: prometa-me duas coisas?

O vulto para de chorar, utilizando um lenço que o Poeta lhe entregara.

_ Não deixe que esse texto (e tirou do seu bolso um rolo) caia em mãos erradas e nem seja destruído. Isso é muito importante. A segunda coisa é a de não comentar com ninguém sobre o que irá acontecer hoje à noite. Como eu havia dito antes, existem certas coisas que não cabe a nós saberem, no caso, deles saberem.

O vulto concorda com as exigências do Poeta. Então, ele tira do bolso do seu manto uma rosa tão vermelha que se não fosse pelo azul claro da roupa do poeta, seria a única coisa visível em meio à tamanha escuridão. Ele entrega a rosa para o Poeta, e se afasta logo em seguida.

_ Não tenho certeza se esse processo lhe exigirá dor ou sofrimento.

_ Bem (e olhando para o vulto com um sorriso) só há um jeito de descobrir. E cheira a rosa.

Não sei descrever bem, mas o cheiro foi intenso e profundo, e alguns segundos depois...

Silêncio. A chuva para. A noite ainda prossegue. Um homem aparece saindo de uma ponte, uma capa se encontra no chão parecendo cobrir algo, e uma rosa jogada no chão, próxima da capa. Mas o silêncio, o exagerado silêncio, fazia dessa noite uma das mais assustadoras e misteriosas...

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